domingo, 15 de março de 2009

Comentários comentados

Meu último post - esse aí abaixo - foi o que mais gerou comentários dos leitores do blog. Comentários bons e ruins, não importa. Fato é que as pessoas, ao invés de irem até o espaço reservado para comentários no próprio blog, optaram por falar comigo em outras oportunidades.

Será por quê?

Talvez pela pessoalidade do assunto somada à minha discrição ao falar de assuntos desse tipo tenha intimidado meus queridos leitores a deixar um comentário público.

Essa é uma hipótese levantada pelo Leo. Eu não sei. Se eu mesmo me dispus e expus ao escrever sobre o assunto, acho que já contava com a possibilidade de comentários públicos.

Não tenho teorias. Talvez seja o ciclo de comentários. Maré baixa, vacas magras, lua em Júpiter desfavorece, eu não estar comentando em blog nenhum ultimamente.

É interessante, apenas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Transferência


Meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha de quatro pra cinco anos e se casou com outra mulher (doravante, vaca – assim, minúsculo mesmo). Nossa relação, minha e de vaca, sempre foi uma montanha russa, geralmente guiada pelos interesses e oscilações de humor dela. Minha mãe, não tão preocupada com a harmonia familiar dentro da nova casa do meu pai e mais interessada em externar suas próprias frustrações nos munia de “elogios” para repetirmos para vaca quando a encontrássemos.
Meu pai com todo seu tato e sensibilidade de filho mais velho criado em uma cidade pequena da região serrana fluminense por um pai que se importava por nada mais que carros, garantia que esses elogios ficassem apenas em nossas mentes.

Isso tudo para mostrar que por toda minha infância, adolescência e vida adulta (curta que seja) se tinham duas pessoas que nunca poderiam se dar bem essas eram minha mãe e vaca. Não só pelas circunstâncias da vida, mas por personalidade diametralmente opostas também.

No meu emprego atual, que estou desde novembro de 2008 eis que me deparo com o inusitado. Está diante dos meus olhos todo o dia a negação completa da imagem que criei (ou criaram para mim) da relação entre minha mãe e vaca.

Explico.

Tem uma pessoa que trabalha comigo, é a vaca. Tenho certeza que seriam amicíssimas caso se encontrassem por aí. Mas ela é a vaca a tal ponto que há umas semanas comecei a sonhar com a vaca sem saber por quê. Até me dar conta que era a convivência com ela. O humor inteligente e refinado, a adoração pelo primeiro mundo, o cuidado com a aparência, o tratamento dos filhos, mesma faixa etária, estilo de vida. É muita coisa.

Tem também outra pessoa. Que é a minha mãe. O pacote todo também. Defeitos e qualidades. A simplicidade, jeito carinhoso com todos, receio de aceitar os presentes da vida, batalha de criar filhos sem pai presente, auto estima abalada pela história de vida, paciente.

Elas são melhores amigas. E nega o que eu tinha estabelecido como verdade. É perturbador, mas interessante observar.

ps. Gosto muito da vaca-versãotrabalho. Nos damos muito bem. O que também só serve para provar que com a vaca nunca tive a escolha. A relação sempre esteve condenada ao fracasso.

terça-feira, 10 de março de 2009

Transfusão

Estava me segurando para não comentar a decisão do dom José lá de Pernambuco em não excomungar o estuprador, mas sim a mãe, a garota e todos os médicos que participaram do aborto dos gêmeos frutos do ato. Afinal, falar mal da igreja católica é chutar cachorro morto.

Mas hoje no jornal tem uma declaração melhor ainda do Vaticano. Num artigo publicado por eles com o maravilhoso título “A máquina de lavar e a libertação das mulheres – (o subtítulo é que eu gosto mais) ponha detergente, feche a tampa e relaxe", o Vaticano afirma que esse eletrodoméstico fez mais pela liberação da mulher do que a pílula anticoncepcional ou a entrada no mercado de trabalho.

Olha, sei não, mas acho que só uma atitude bem drástica e sem precedentes como UMA Papa pra recuperar essa fatia de mercado da fé. Que, por sinal, está carente de sangue novo. (por favor, atentem para a sutileza do comentário. SANGUE novo!)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Somente o indispensável

Para mim motorista de ônibus se encaixa em um estereótipo muito bem definido. E nenhum deles, até hoje, escapou.

É o malandrão que quer tirar proveito de qualquer situação que puder nem que seja a de ultrapassar aquele sinal ainda amarelo, é o que acha que o mundo está sempre em dívida com ele inclusive aquele sinal amarelo que ficou amarelo 5segs antes só de sacanagem e, por último, é aquele típico machão que come a primeira menininha que vir pela frente. Sem critérios.

E qual a mulher mais próxima do motorista de ônibus? Presente a cada freada, fechada, batida? A trocadora é claro. Então, baseado no meu (provavelmente infundado) estereótipo tenho certeza que quando motorista e trocadora estão conversando partiu do motorista e o destino final daquele papo é um motel de quinta na Avenida Brasil.

E não em coisa que me irrite mais do que ver o motorista de ônibus batendo papo. Primeiro porque eles falam alto e atrapalha meu complemento diário de sono. Aquela horinha a mais que me sustenta durante oito horas de pura e intensa labuta do mundo coorporativo. Podem ter duas pessoas do meu lado falando sobre o último episódio de LOST que eu nem ligo. Agora vai a trocadora comentar sobre a sogra que não agüenta mais para ver só...a orelha levanta, antenas ligam, foco direciona. Acho que fico sempre na expectativa de ver o fim do diálogo.

- Ok, Motorista do 438, eu vou para um motel de quinta na Avenida Brasil com você. Terça-feira tá bom?

Até hoje, não ouvi nada.

Além do mais, estou sempre atrasado. E se não estou atrasado quero chegar logo ao destino. E é nítido para mim que a partir do momento que o motorista abre a boca e a trocadora responde a produtividade do primeiro cai drasticamente. Ele tem que dividir os pensamentos dele pelo menos meio a meio entre dirigir insanamente pelo caótico trânsito carioca e paquerar a trocadora para, finalmente, conseguir levá-la ao motel de quinta na Avenida Brasil. E, convenhamos, o interesse dele no segundo é muito maior. Afinal, se eu chegar 5, 10 ou 15 minutos atrasado no trabalho por conta daquelas investidas ‘amorosas’ não tem o menor problema. O cara tem prioridades muito bem definidas. E se conseguisse fazer os dois ao mesmo tempo sem prejudicar a produtividade de nenhum, não seria motorista de ônibus.

Aí você olha lá para frente (no intuito de tentar pescar o assunto, leitura labial também ajuda) e lê: Fale somente o indispensável ao motorista.
Dá vontade de levantar ir lá naquele adesivo patético e mudar para: Fale somente o indispensável, motorista. Ou então para: Fale somente o indispensável ao motorista, trocadora.

quarta-feira, 4 de março de 2009

De olhos bem abertos

Eis que ontem tive insônia. Três da manhã, olhos ardendo, porém sem nenhum indício de ficarem fechados até de manhã.

Do computador queria distância, a TV não colaborava. Derrama água no chão, troca lâmpada do abajour queimado e quebra a velha [vassoura, pá, lixo], liga ar, desliga ar, troca travesseiro, coberta, cobertor. Então achei mais que apropriado começar ler o livro que ganhei de uma amiga fã de leitura e vítima de insônia também. Achei uma sincronia interessante ter ganho o livro justo dela na mesma semana que tive insônia. Ironia fina. Não costumo ter insônia. Se a tive duas vezes na vida foi muito.

Caio Fernando de Abreu. Morangos Mofados. Noite virada, livro lido.

*

Odeio Suzana Vieira, todos sabem. Mas lanço a campanha. Suzana e Dado Dolabella.
Taí um casal que combina.
Su, vai fundo. Acho que esse dura até o fim. Mas fim da sua vida, não da dele.