
Enquanto o controle remoto figura lá no alto da minha lista de “Invenções Geniais da Humanidade”, a máquina fotográfica, coitada, beira a última colocação.
Não tenho idéia quem inventou a máquina fotográfica e nem to com paciência de ir ao Google perguntar, até porque não importa. O que eu queria saber de fato é qual foi a intenção do sujeito. Porque eu acho que a máquina fotográfica é quase como a tecnologia nuclear. Foi criada para o bem, mas mentes perturbadas distorceram seu real propósito.
As pessoas abrem mão de vivenciar o momento para registrá-lo. Para mim é um dissenso. Registrar o que cara pálida, se você acabou de cortar qualquer momento digno de ser registrado. “Deixa eu ajeitar o cabelo.” “Eu preciso tirar o óculos.” “Daqui pra cima hein, olha a barriga.” Para mim, foto de grupo é coisa de gente sem assunto.
E não venha me dizer que a solução é a foto natural. Concordo que ela tem muito mais valor. Mas ainda sim não vale a pena ser tirada. Primeiro porque tem que ter um infeliz para cumprir tal papel. E tem que fazer o papel fulltime, claro. Afinal pegar um momento bom naturalmente não é assim, digamos imediato. Depois, porque ninguém se gosta em fotos ao natural. Nem nas posadas, mas aí vão dizer que estou sendo exagerado.
Se tenho dúvidas quanto à intenção do sujeito que inventou a máquina fotográfica, não me resta nem uma ponta de desconfiança que as intenções de quem inventou a máquina digital era das piores possíveis. “Deixo ver como ficou!” “Agora eu, passa a máquina.” “Ah, não. Pisquei.” Putaquepariu. Medeixaatiraressamáquinalonge.
Mas para mim, o ápice do mau uso da injustiçada da máquina fotográfica é em viagens. Simplesmente tenho ódio daquela paradinha rápida pra tirar a foto na frente daquele monumento (famoso ou não, não importa) com a pessoa na frente. Me explica, por favor. PARA QUE?!
É uma necessidade insana de se provar que esteve naquele lugar. É muita vaidade para meu gosto. E, lógico, aquela foto foi tirada para ser mostrada na volta. Para torturar seu amigo ou amiga com fotos chatíssimas da sua viagem. Você em frente à Torre Eiffel. FODA-SE. Já vi a Torre Eiffel mil vezes na minha vida em fotos mais variadas possíveis, de dia, noite, tarde, sol, nublado, chovendo. E sem você na minha frente atrapalhando.
E, por último, a foto limita a memória. A foto castra a imaginação. A foto sufoca a fantasia. Você, que viveu aquele dado momento e se lembra dele de maneira x, que, obviamente, não é fiel a realidade. Sua mente já criou em cima da sua memória. Aí vem aquela foto ingrata, sem vergonha pra te lembrar exatamente como foi. Que não foi tão bom quanto você lembra. Sai fora. Joga essa câmera fora.
E ai de quem vier com uma pra cima de mim.