segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Foto


Enquanto o controle remoto figura lá no alto da minha lista de “Invenções Geniais da Humanidade”, a máquina fotográfica, coitada, beira a última colocação.

Não tenho idéia quem inventou a máquina fotográfica e nem to com paciência de ir ao Google perguntar, até porque não importa. O que eu queria saber de fato é qual foi a intenção do sujeito. Porque eu acho que a máquina fotográfica é quase como a tecnologia nuclear. Foi criada para o bem, mas mentes perturbadas distorceram seu real propósito.

As pessoas abrem mão de vivenciar o momento para registrá-lo. Para mim é um dissenso. Registrar o que cara pálida, se você acabou de cortar qualquer momento digno de ser registrado. “Deixa eu ajeitar o cabelo.” “Eu preciso tirar o óculos.” “Daqui pra cima hein, olha a barriga.” Para mim, foto de grupo é coisa de gente sem assunto.

E não venha me dizer que a solução é a foto natural. Concordo que ela tem muito mais valor. Mas ainda sim não vale a pena ser tirada. Primeiro porque tem que ter um infeliz para cumprir tal papel. E tem que fazer o papel fulltime, claro. Afinal pegar um momento bom naturalmente não é assim, digamos imediato. Depois, porque ninguém se gosta em fotos ao natural. Nem nas posadas, mas aí vão dizer que estou sendo exagerado.

Se tenho dúvidas quanto à intenção do sujeito que inventou a máquina fotográfica, não me resta nem uma ponta de desconfiança que as intenções de quem inventou a máquina digital era das piores possíveis. “Deixo ver como ficou!” “Agora eu, passa a máquina.” “Ah, não. Pisquei.” Putaquepariu. Medeixaatiraressamáquinalonge.

Mas para mim, o ápice do mau uso da injustiçada da máquina fotográfica é em viagens. Simplesmente tenho ódio daquela paradinha rápida pra tirar a foto na frente daquele monumento (famoso ou não, não importa) com a pessoa na frente. Me explica, por favor. PARA QUE?!

É uma necessidade insana de se provar que esteve naquele lugar. É muita vaidade para meu gosto. E, lógico, aquela foto foi tirada para ser mostrada na volta. Para torturar seu amigo ou amiga com fotos chatíssimas da sua viagem. Você em frente à Torre Eiffel. FODA-SE. Já vi a Torre Eiffel mil vezes na minha vida em fotos mais variadas possíveis, de dia, noite, tarde, sol, nublado, chovendo. E sem você na minha frente atrapalhando.

E, por último, a foto limita a memória. A foto castra a imaginação. A foto sufoca a fantasia. Você, que viveu aquele dado momento e se lembra dele de maneira x, que, obviamente, não é fiel a realidade. Sua mente já criou em cima da sua memória. Aí vem aquela foto ingrata, sem vergonha pra te lembrar exatamente como foi. Que não foi tão bom quanto você lembra. Sai fora. Joga essa câmera fora.

E ai de quem vier com uma pra cima de mim.

6 comentários:

Leonardo Bracchi disse...

Acho que vc nao se acha fotogenico!

Faber disse...

nem tanto ao céu nem tanto a terra, andrelima. concordo q interromper momentos para fotografa-los é terrivel, mas discordo do que vc diz sobre fotografia e memória. certas vezes, ao olhar uma foto sua em um determinado lugar, um sem-fim de outras imagens não táteis vêm a cabeça, fazendo você reviver aqueles momentos q estavam, por qualquer razão, adormecidos na memoria.

Anônimo disse...

eh, andrelima, exagerou.
ok que vc deu os piores exemplos possíveis de pessoas tirando e vendo fotos, mas tb carregou no drama dos fotógrafos "que não vivem" e no papel castrador das fotos.
não vou nem me dar o trabalho de escrever todos os meus possíveis argumentos. vou só dizer que qualquer fotógrafo de pouco mais de meia tigela percebe que fotografias são qualquer coisa, menos "fiéis à realidade". você, inclusive, eu aposto. não que você vá dar o braço a torcer...

Daniel disse...

Eu não gosto de aparecer em fotos, mas gosto de tirá-las. Achei esse seu desabafo contra a fotografia meio estranho. Fala a verdade, qual a causa de toda essa revolta e intolerância?

Anônimo disse...

Eu acabei de comprar minha primeira camera por pura pressão social.. Em um mes tirei umas 4 fotos, e nenhuma deles tem gente posando. Concordo com vc.

Suzana disse...

cara... depois do seu aniversário, fiquei com vontade de ver o vídeo do "pó pará com pó" que, admito, nunca tive paciência de esperar rodar.

hahaha ri muito! nossa, eu tenho uma tese pra falar desse vídeo, analisar vários aspectos! achei um pouco despreocupado com a saúde pública com o lance de injetar o sangue de jesus... que agulha é esse? e o HIV?

adorei o padre faustão, o público que canta junto e tal. mas o que eu gostei MESMO foi das dançarinas que terminam a dancinha numa pose fe-no-me-nal e os improvisos vocais da ivete sangalo gospel.

das próximas, eu vejo o vídeo de primeira.