terça-feira, 29 de setembro de 2009

Instruções complexas para coisas simples

Instruções para mim mesmo. Não tenho pretensão de instruir ninguém a nada. Afinal, não acredito no ensino, apenas no aprendizado. Mas que a vida seria mais fácil com instruções para coisas simples (ou não tão simples) como sorrir e chorar, ah seria.

Instrucciones para llorar
Dejando de lado los motivos, atengámonos a la manera correcta de llorar, entendiendo por esto un llanto que no ingrese en el escándalo, ni que insulte a la sonrisa con su paralela y torpe semejanza. El llanto medio u ordinario consiste en una contracción general del rostro y un sonido espasmódico acompañado de lágrimas y mocos, estos últimos al final, pues el llanto se acaba en el momento en que uno se suena enérgicamente. Para llorar, dirija la imaginación hacia usted mismo, y si esto le resulta imposible por haber contraído el hábito de creer en el mundo exterior, piense en un pato cubierto de hormigas o en esos golfos del estrecho de Magallanes en los que no entra nadie, nunca. Llegado el llanto, se tapará con decoro el rostro usando ambas manos con la palma hacia adentro. Los niños llorarán con la manga del saco contra la cara, y de preferencia en un rincón del cuarto. Duración media del llanto, tres minutos.

Julio Cortázar

Instruções para sorrir
Independente do motivo, apenas sorria. Não ria, gargalhe, trema. Mova apenas o rosto. Mãos na barriga, chacoalhar dos ombros e balançar das pernas estão fora do contexto. Apenas aumenta a distância entres os cantos da sua boca até onde achar que deve. Cuidado, em exagero pode parecer desespero. Dentes, apenas de leve. Não mostre todos. Boca fechada, claro. Nada de separar os dentes de cima com os de baixo. Discrição é a palavra de ordem. Se virem você sorrir ótimo. Passou de trina segundos, amarelou.

andrelima

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O garimpo

Tenho preguiça de garimpar.
Por isso leio blogs de séries. Por isso leio críticas de filmes. Por isso sempre quero saber a opinião sobre restaurantes, livros, peças etc. Dá uma boa selecionada e corro poucos riscos nessas áreas.

Mas em relação à gente fica mais difícil. Sou da opinião que 90% (ou mais) das pessoas no mundo não valem à pena. Por diversos motivos, mas geralmente envolve carência que desencadeia vaidade, insegurança, egoísmo etc.

Sou também da opinião (o “cheio de opinião” sumiu por falar nisso hein, Suzana) que gostar/se dar bem com alguém é uma coisa muito particular e depende de tanta coisa além das duas pessoas envolvidas que não dá, simplesmente, pra “ler uma boa crítica” de Fulano e ir atrás.

Adentrar um ambiente novo, uma sala de aula, por exemplo, e ver aquelas 10 pessoas que nunca vi na vida e não tenho referência nenhuma sabendo que, provavelmente, apenas uma vai ser legal dá muita preguiça. Garimpar um a um até descobrir aquela pessoa que você vai conseguir se relacionar sem esforços sociais.

Tudo bem que tem os que revelam logo de cara os malas que são. “Oi, sou mala, quer seu meu amigo?!” Tem os que são mais discretos. Malas passivos. Enfim, o não-mala é um só e não será seu primeiro contato. E, claro que não TENHO que ir atrás de ninguém. Mas alguém interessante faz as coisas ficarem muito melhores.

Minha tática: observar. Muito. Antes de agir. Ou nunca agir. Preguiça. Amigos dos amigos já é alguma coisa. Mas também não garante nada. Tem muita gente legal fazendo caridade pra chatos por aí. E o legal é relativo.

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Quero ser repetitivo não, mas Suzana, é janeiro hein. Não me venha com essa de saudadinha do Brasil e visitar o povo daqui nas suas férias da faculdade de lá. Esteja na França em janeiro para me receber.

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Sobre os Emmys. Chato, chato e chato. O único prêmio que me deu gosto de ver foi o para Toni Collette. Não era esperado, ela merece e a série tem vida longa.

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O negócio é voltar a estudar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Expectativa

Numa faculdade de marketing não se aprende muita coisa. São basicamente 8 períodos de muita enrolação com matérias inúteis que ensinam coisas que alguém com uma boa dose de bom senso poderia descobrir por si só. Mas uma aula que vale a pena é a que fala das EXPECTATIVAS.

Satisfação = expectativa – produto/serviço entregue.

Dessa fórmula, surgem vários desdobramentos mercadológicos. O mais óbvio deles é que quanto melhor o produto/serviço entregue maior vai ser a satisfação. Mas você pode mexer com a outra variável do seu cliente. A expectativa.

E assim na vida.

Os mais felizes são os que menos esperam. Quanto menos se espera mais satisfeito se sai. Quanto mais satisfeito se sai, menos frustrado se fica. Quanto menos frustrado se fica, mais feliz se é. É quase que matemático. Quase nada, é matemática pura. Pela regra lá da substituição da equação (aprendida no colégio e não na faculdade) pode-se dizer que expectativa é inversamente proporcional à felicidade.

Não falo daquele pessimista ou amargo que não espera nada de ninguém por orgulho ou rancor. Falo daquele que não espera nada de ninguém porque não precisa esperar. Daquele que tem dentro de si o que é necessário para não projetar nos outros seus anseios.

Ok, ninguém se basta. Também acredito nisso. Então me deixe reformular.

[...]

Tá, não consegui reformular. Não consegui porque não sei deixar esperar a coisa das pessoas.

Acho que aqueles que aparentam não esperar nada de ninguém, na verdade, são aqueles que pulverizam de quem esperar. Sabe aquele papo de colocar todos os ovos numa mesma cesta? Pois então, dá errado. Porque não há cesta que te atenda fulltime.

Então é isso. Assim como outra aula da faculdade de marketing (começando a repensar a utilidade da minha graduação) dizia, temos que diversificar os investimentos. Vai que o mercado acaba?! A matéria-prima seca?! Ou muito pior, algum outro produto toma o seu cliente!

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Suzana, reserve meu colchão pela França. E retome algum blog, nem que seja em francês. Já não basta sua ausência física? Quer nos privar das palavras escritas?