segunda-feira, 30 de junho de 2008

O mito e a musa

Personal Che é um documentário que retrata as várias formas com que a imagem de Che Guevara foi perpetuada após sua morte. Como santo para alguns, comparável a Hitler para outros, popstar, pacificador, um tirano, guerrilheiro, enfim, de um tudo. Para mim, o que está por trás das diferentes interpretações da história dele e o tema principal do filme é a ignorância. Como ela é poderosa e está espalhada da Bolívia ao Japão, Estados Unidos à Alemanha.

Na discussão pós filme tive que concordar que existe um certo exagero na hora de retratar a imagem que os bolivianos mantém do guerrilheiro. É feito um recorte muito específico de uma região pequena e muito pobre que acredita que Che pode até fazer milagres. E, claro, isso não representa a opinião população como um todo. Mas é, também, a parte mais impressionante e chocante do documentário e talvez por isso mesmo tenham se estendido nessa parte. Eu teria!

Algumas pessoas rezam para Che, o colocam no altar, suplicam a ele e relatam as maiores barbaridades e fantasias de passagens de sua vida. Como um ex-quase-coroinha não pude deixar de fazer relação direta com o maior mito da nossa história. O filme também não deixa de fazer. A relação Jesus Cristo – Che Guevara é abordada a todo instante. Sempre me perguntei como tantas impossibilidades, tantas histórias fantasiosas sem nenhuma provinha sequer fazem tanto sucesso. Movimenta tantas pessoas e por conseqüência tanto dinheiro, energia, mentes! Tudo baseado em um livro apenas. Personal Che me ajudou a entender como a coisa se deu.

Ou pelo menos como eu imagino que tenha se dado. Che Guevara com um pouco mais de ambição e se tivesse nascido em outra época, quem sabe, poderia ser o novo Jesus Cristo. Que a Igreja Católica precisa dar uma renovada na sua cara ninguém pode negar. Mas enfim, não importa muito o que alguém tenha feito em vida. Como muito bem disse Oliviero Toscani no filme, a foto se torna muito mais real do que a própria realidade. E quanto menos informação disseminada, quanto menos esclarecidas as pessoas forem sobre o que é real muito mais fácil espalhar a foto por aí. E mesmo sem Photoshop , desde os tempos de Maria Madalena, a imagem já era milimetricamente manipulada. Sem celulite, machas ou gordurinhas a mais. Na medida para vender muito! A morte precoce e provocada pelo inimigo é parte da receita. Ingrediente essencial, senão desanda e embola a receita. Mas o pulo do gato mesmo que projetou Jesus e não Che, na minha opinião, foi a ambição dos que ficaram. Os Bill Gates de antigamente, Eike Batistas de Jerusalém, homens de visão como poucos a humanidade já teve. Calcados nos mais modernos conceitos de negócio, identificaram a oportunidade, analisaram o mercado, público-alvo, buscaram sócios influentes e voilá! Abocanharam um nicho que estava carente. Desenvolveram um dos negócios mais lucrativos já vistos. Para os aliados de Che seria mais difícil manter a fantasia na mesma proporção que a de Jesus. A informação, hoje em dia, corre solta por aí, não é mesmo?! Mas ainda acho que com uma boa inovada, retoques no que ficou, quem sabe? Nenhum mercado some assim. Só muda de mão.

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A musa

3 comentários:

Suzana disse...

"Che Guevara com um pouco mais de ambição (...) poderia ser o novo Jesus Cristo."

hahahaha! ele precisava era de vc, André, pra dar mostrar com quantos paus se faz uma canoa. Triste isso, não, vc vê que o cara tinha potencial e por falta de garra... puff. nada.

Aliás, o Inri Christi podia ler seu blog. Já passou da hora dele morrer... Até acho que ele têm ambição - se veste igualzinho! Loirinho, barbudo, olhos claros, mantas e tal... mas perdeu a parte de morrer cedo de morte trágica...

Fora isso, acho que não dá pra negar a existência de Jesus como figura histórica, né? Já como "caminho, verdade e vida"...

Acho que todo mundo devia seguir o Mestre Bimba.

Faber disse...

E o Che, pra completar, é latino, é caliente. Aliás, no doc algum daqueles cientistas sociais comenta que se Che não fosse bonito sua imagem não teria emplacado. A imagem de Gandhi não tem a mesma força da imagem de Che porque ele é "um baixinho quatro-olhos sem graça".

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E o show, ótimo pelo visto, né?

Ela cantou a música ou será enterrada esta semana?

Clarissa Mello disse...

não vi o filme e o post tá muito longo.

ou seja: não li.

mereço a morte.