segunda-feira, 9 de março de 2009

Somente o indispensável

Para mim motorista de ônibus se encaixa em um estereótipo muito bem definido. E nenhum deles, até hoje, escapou.

É o malandrão que quer tirar proveito de qualquer situação que puder nem que seja a de ultrapassar aquele sinal ainda amarelo, é o que acha que o mundo está sempre em dívida com ele inclusive aquele sinal amarelo que ficou amarelo 5segs antes só de sacanagem e, por último, é aquele típico machão que come a primeira menininha que vir pela frente. Sem critérios.

E qual a mulher mais próxima do motorista de ônibus? Presente a cada freada, fechada, batida? A trocadora é claro. Então, baseado no meu (provavelmente infundado) estereótipo tenho certeza que quando motorista e trocadora estão conversando partiu do motorista e o destino final daquele papo é um motel de quinta na Avenida Brasil.

E não em coisa que me irrite mais do que ver o motorista de ônibus batendo papo. Primeiro porque eles falam alto e atrapalha meu complemento diário de sono. Aquela horinha a mais que me sustenta durante oito horas de pura e intensa labuta do mundo coorporativo. Podem ter duas pessoas do meu lado falando sobre o último episódio de LOST que eu nem ligo. Agora vai a trocadora comentar sobre a sogra que não agüenta mais para ver só...a orelha levanta, antenas ligam, foco direciona. Acho que fico sempre na expectativa de ver o fim do diálogo.

- Ok, Motorista do 438, eu vou para um motel de quinta na Avenida Brasil com você. Terça-feira tá bom?

Até hoje, não ouvi nada.

Além do mais, estou sempre atrasado. E se não estou atrasado quero chegar logo ao destino. E é nítido para mim que a partir do momento que o motorista abre a boca e a trocadora responde a produtividade do primeiro cai drasticamente. Ele tem que dividir os pensamentos dele pelo menos meio a meio entre dirigir insanamente pelo caótico trânsito carioca e paquerar a trocadora para, finalmente, conseguir levá-la ao motel de quinta na Avenida Brasil. E, convenhamos, o interesse dele no segundo é muito maior. Afinal, se eu chegar 5, 10 ou 15 minutos atrasado no trabalho por conta daquelas investidas ‘amorosas’ não tem o menor problema. O cara tem prioridades muito bem definidas. E se conseguisse fazer os dois ao mesmo tempo sem prejudicar a produtividade de nenhum, não seria motorista de ônibus.

Aí você olha lá para frente (no intuito de tentar pescar o assunto, leitura labial também ajuda) e lê: Fale somente o indispensável ao motorista.
Dá vontade de levantar ir lá naquele adesivo patético e mudar para: Fale somente o indispensável, motorista. Ou então para: Fale somente o indispensável ao motorista, trocadora.

4 comentários:

Anônimo disse...

eu sempre penso que o motorista come a trocadora tbm, impressionante. e tbm não consigo não prestar atenção na conversa. por isso, geralmente procuro sentar no fundo.

agora: "se conseguisse fazer os dois ao mesmo tempo sem prejudicar a produtividade de nenhum, não seria motorista de ônibus" - é um olhar pouco cuidadoso, digamos.

Anônimo disse...

nossa, eu amei: E se conseguisse fazer os dois ao mesmo tempo sem prejudicar a produtividade de nenhum, não seria motorista de ônibus.
Tbm penso no q rola entre motorista e trocadora... e um detalhe: pq eles falam berrando? A poluição sonora das ruas + da qualidade "maquinária" do ônibus não são suficientes ao meu ouvido? Por isso minha tática é: mp3 o tempo todo no volume máximo. E se um dia eu ficar surda, já sei de quem é a culpa. Adorei, big.

Faber disse...

Eu ia dizer o mesmo que a Mari. A segunda parte, eu me refiro. Tá, entendo que no calor do momento você pense isso, mas sabemos que não é algo incontestável, né?

Mas sabe o que me irrita meeeesmo em ônibus? Aqueles que não tem trocador. A velocidade média gira em torno de 15km/h. A cada dez metros tem um ponto, com três pessoas pra entrar no ônibus, ou mais. Muita gente não usa riocard. Eu, por exemplo. O motorista ao invés de dirigir precisa trocar o dinheiro. Quando ele dá a partida o sinal fecha. Antes de o sinal abrir vem uma senhorinha bater na porta do ônibus e pedir pra entrar. Quando ela termina de entrar - é um processo lento - o sinal fechou de novo. Ai, que merda.

André Lima disse...

Faber e Mari, pode ser que meu comentário sobre o trocador tenha sido alguma influência das coisas que ouço aqui dentro de casa.
Ai ai, não se pode confiar nas coisas que se aprende em casa.
A refletir...